Societate Speculu

domingo, abril 23, 2006

Vendetta Política

Nas últimas semanas temos assistido ao galopante crescendo da crise mundial. A ameaça de uma nova guerra, dita «preventiva», isto é, de uma agressão imperial contra um Estado soberano, no caso o Irão. A potência que hegemoniza o sistema, os EUA, não consegue encontrar soluções para esta crise. O país mais poderoso e rico do mundo é hoje uma nação parasita que consome muito mais do que produz.

Tomar posse das riquezas do país, sobretudo do petróleo, e assumir o controlo pleno do Estreito de Ormuz, é uma ambição antiga dos EUA. A eleição de Mahmud Ahmadinejad reforçou-a. O novo presidente logo começou a ser satanizado como fundamentalista perigoso, conivente com o terrorismo. Para Bush é inaceitável que Ahmadinejad seja um patriota emprenhado em defender a independência do Irão, como Estado soberano. E considera alarmante a sua decisão de instalar em Teerão, uma Bolsa inédita na qual o petróleo seria negociado em euros.

Bomba Nuclear?!
O antigo chefe dos inspectores da ONU no Iraque, Hans Blix e o secretário-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Mohamed el-Baradei, partilham a mesma ideia, de que o cenário do Irão deter uma bomba nuclear não se coloca antes de 2011, mesmo que iniciem já o enriquecimento de urânio, razão pela qual se deve avançar com «medidas positivas», iniciar uma ofensiva militar contra o Irão é considerada por ambos como «más ideias» que só terão uso para «fomentar o terrorismo».

Na passada semana, o ministro dos Negócios Estrangeiros Iraniano, Manuchehr Nottaki, deu um passo, considerado por muitos analistas, de boa-fé, ao propor que seja constituído um consórcio empresarial, envolvendo diversos países da região, para gerir a produção de energia nuclear, organismo esse, que poderia ser controlado pelos inspectores da AIEA.

Apesar do tempo ser de conversações, e ainda o Conselho de Segurança da ONU, estar a tentar todos os esforços para conseguir pela via diplomática que o Irão suspenda o enriquecimento do urânio, para a administração Bush, estão criadas as condições de um embuste para mais um bárbaro ataque sem qualquer justificativa contra a liberdade de um povo. O inconformismo toma-me, pois para mim, toda esta problemática, não passa de uma questão de “vendetta” política, pois Bush sabe que cada vez mais a sua conta bancária e os cofres estatais dependem das riquezas do Médio Oriente.

João Pinheiro da Costa