Societate Speculu

sexta-feira, julho 28, 2006

Uma canção que tem olhos verdes que nos fazem ouvir...

Caros amigos, aconselho a audição de uma canção de um senhor chamado José Mário Branco, poeta, trovador, rebelde, fazedor de sonhos, combatente (dequeles que usam cravos em vez de bombas)... Alguém que contribui para o conteudo do nome Portugal ser um bocado mais profundo do que telenovelas e futebol. Ouçam José Mário Branco... mas ouçam mesmo e ouçam tudo, comprem os albuns, cravem a alguém, roubem (como uma vez disse o Jorge Palma) mas ouçam, por favor. A canção que eu sugiro aqui é " Aqui dentro de casa". (e Já agora ouçam o "FMI" e o "Eu vim de longe, eu vou p´ra longe")

Saudações.

sábado, julho 15, 2006

Uma Cavaquice, talvez a primeira cavaquice desde que Cavaco Silva é Presidente da República

Ontem, no telejornal da RTP1, vi o Presidente da República a falar de comboios. Coisa engraçada. Pois, a uma resposta de um jornalista, o Prof. Cavaco Silva disse, com um ar pensativo – o ar pensativo que é tão característico em sim – que o alfa pendular andava muito bem. Olha para um ecrã colocado em cima da porta e exclama: “ vai até a 220, parece-me uma velocidade muito boa para ir para o Algarve ou até para o porto".

È triste que assuntos tão sérios, assuntos tão importantes para o país sejam assim tratados com tanta leviandade por uma pessoal que é a figura mais importante do Estado português. Eu sei que no automóvel não podemos passar dos 120 kmh e que de avião não é muito prático ir para o Algarve. Mas peço, aqui, ao senhor presidente, que quando falar deste tipo de questões não nos faça lembrar os comentários do português comum. Informe-se, leia os dossiers e depois fale.

Assistimos à primeira cavaquice de Cavaco Silva Presidente da República. Não nos esqueçamos que são no seio destas “cavaquices” que os nossos milhões de euros são gastos, que são no seio das “cavaquices” e mais ices de outros cavacos que o nosso futuro é traçado. Não podemos ficar indiferentes a isto, devemo-nos indignar e pedir mais algum respeito.

Parabens, Senhor Primeiro-Ministro

Pois é, num hemiciclo a emanar calor – infelizmente não devido à emoção do debate – o Primeiro-Ministro provou que hoje é o melhor politico em Portugal. Pela postura, pela eloquência, pelos argumentos, pela educação… por tudo. Actualmente, José Sócrates ganha, com grande vantagem, a todos os seus opositores. Então vejamos:

Marques Mendes: Tardio, absolutamente tardio. Tardio nos projectos, tardio nas criticas, tardio no pensamento e até tardio nos números. Mendes está mais preocupado em arrumar a casa do que a pensar no país. O líder do PSD não tem postura – nem altura – para ambicionar ser Primeiro-Ministro, nota-se que é alguém de transição, alguém que está no lugar onde está para ocupar tempo. Porém, exigia-se mais a um Presidente do PSD, por exemplo controlar os seus deputados, impedindo que se fossem embora, deixando a Bancada do PSD vazia durante o Debate do Estado da Nação. Não falando de um dos papões de Marques Mendes, aquele homem que anda por ai a assombrar a vida a Mendes: Pedro Miguel Santa Lopes.

Continuando na direita, depois temos o CDS-PP. O CDS-PP não se preocupa com o país. O exterior não existe para os centristas, a vida do CDS gira em torno de problemas internos. Se Marques Mendes é um líder de transição, Ribeiro e Castro é um líder a prazo, com um fim anunciado, e um fim muito perto. Adivinha-se uma chegada ao poder para breve de Telmo correia, Pires de Lima (eu, pessoalmente, aposto em Telmo Correia como o próximo), Nuno Melo, ou, quem sabe, até um Paulo Portas. Postas é o líder que o partido quer, e que não sabe viver sem ele. Faz-me lembrar um pouco a professora primária que os alunos sem ela não se portam bem, a professora primária que os alunos fazem questão de oferecer ramos de flores e bombons pelos anos. O CDS-PP não existe.

Viremos, então, à esquerda. Comecemos pelo Bloco. O bloco não tem líder. Isto é, tem um líder interno, mas que deixou de aparecer. Francisco Louça parece-me cansado e triste. O homem transporta a vontade de abandonar o barco nos olhos. Louça sem vida, sem polémica, sem aparecer, sem se indignar… é triste. Por exemplo, no debate do Estado da Nação não reparei, sequer, no Sr. Louça. Falou, mas pouco e mal. Nada ao jeito que nos habituou a ver e gostar. Penso que Nuno Melo, líder da bancada dos Democratas-Cristãos é o actual substituto de Louça no parlamento: eloquente, polémico e agressivo. Quem será o substituto de Francisco Louça? Aposto em Ana Drago… também há o Miguel e o Beleza… não sei. Mas acho que será a Ana Drago, por ser Mulher e ser positivo para a imagem do Bloco ter uma mulher como líder partidária.

Em relação ao PCP, começo por dizer que gosto do Jerónimo. Por isso mesmo, por me referir a ele como o Jerónimo, o amigo Jerónimo. O Jerónimo de Sousa é aquele tipo genuíno que antes de ir para o parlamento vai à horta apanhar uns feijões verdes para a Mulher fazer a sopa do jantar. O amigo Jerónimo é assim mesmo, e aliar a isso fala muito bem. Faltam-lhe ideias, novas ideias, novos modelos de discurso… Podemos abordar os mesmo temas, mas pelo menos tentar mudar um pouco a roupagem. Antes do amigo Jerónimo falar eu já sabia que ele iria falar (demagogicamente) dos lucros dos bancos e da General Motors. É possível antever com grande precisão qual vai ser o discurso do líder do PCP. Falta ali novidade, assim já ninguém lhe liga.

O Partido Ecologista os Verdes não existe, pois é uma filial do PCP. Uma vergonha da nossa política. Qualquer partido, pelo menos uma vez na sua história, deveria ser obrigado a ir a votos. Uma vergonha, reitero. Mas como os verdes não existem não me digno a falar deles!

Pois é, como vêm a nossa oposição vai muito mal. A somar a isto o nosso primeiro tem muita qualidade. Depois, Ainda temos um Presidente da Republica que é fã de José Sócrates e que não gosta de Mendes. Temos uma conjuntura social muito favorável, o Mundial, uma eminente Terceira Guerra Mundial, o campeonato de futebol a chegar, as novelas… tudo distrai as pessoas da politica.

Concluindo, sem oposição, com o presidente do seu lado, sem opositores internos, com uma conjuntura favorável e uma economia que parece começar a dar sinais que está a arrancar e Portugal em quarto lugar num campeonato do mundo, José Sócrates pode ir descansado de férias. Pode ir repousar dos 16 extenuantes (e digo isto sem qualquer ironia, porque ser primeiro-ministro é muito cansativo – infelizmente não falo por experiência própria -) porque o pais, quando ele chegar, vais cá estar, de braços abertos, a receber o seu Excelente Primeiro-Ministro. Muitos Parabéns, Eng. Sócrates.

P.S- Nunca a tinha visto ao vivo, mas a Ana Drago é muito engraçada. Elejo-a a Deputada mais interessante do hemiciclo. Acho que engordou uns quilinhos e ganhou um ar mais descontraído… Ana, vais no bom caminho.

P.S 2- Por onde anda a Joana Amaral Dias???? Se alguém a vir, diga-me

Sócrates ganhou o debate do Estado da Nação

José Sócrates chegou ao debate do Estado da Nação com a missão de mostrar que o País está melhor do que há 16 meses. Para tal, com a lição bem estudada, recorreu às pequenas décimas que demonstram uma economia em crescimento, apesar de fraco, para provar tal facto. Tentou afastar-se de um cenário de estagnação, mostrando com grande ênfase as reformas que empreendeu, elegendo as novas tecnologias como a prioridade da actuação do seu governo. A oposição, por seu turno, acusou Sócrates de ser propagandista, de muitos anúncios e pouca obra. É o último episodio antes das férias que interrompem este ciclo político.

Num hemiciclo com o ar condicionado avariado e uma consequente temperatura muito elevada, onde a ausência de Pedro Santana Lopes "por motivos pessoais" adiou um encontro entre o antigo e o actual primeiro-ministro, o debate do Estado da Nação teve como novidade o reforço das verbas destinadas à qualificação dos recursos humanos: "as áreas da educação, da formação e da ciência terão mais 1300 milhões de Euros do que tiveram no Quadro Comunitário anterior, passando de 4700 para 6 mil milhões de Euros", referiu José Sócrates. O primeiro-ministro qualificou o défice de qualificação dos portugueses como "aquele que mais condiciona o nosso desenvolvimento".

As intervenções de Sócrates tiveram como objectivo mostrar que o País está numa melhor situação do que há 16 mese. "O País tem agora um rumo", anunciou , assumindo-se como o líder de um Governo reformista, nomeando o Prace, o Simplex ou a Reforma da Segurança Social como exemplos de grandes medidas do seu executivo.

Sócrates recorreu aos "indicadores económicos positivos" para provar que o país está "no bom caminho". A redução do défice orçamental para 6%, a inversão da tendência de crescimento negativo do PIB, o crescimento das exportações para 7.2% em termos homólogos, o aumento do investimento privado em Portugal e uma diminuição no primeiro trimestre de 2006 da taxa de desemprego são os números invocados para afastar o cenário de estagnação em que estava o País a quando da tomada de posse do Governo.

Marques Mendes, em resposta, qualificou o discurso de Sócrates como "um auto-elogio da Nação", avançando que só faltou o Primeiro-Ministro dizer que era "o responsável pela selecção ter chegado às meias-finais do campeonato do mundo". O líder da oposição falou em "propaganda", em relação ao anunciado, sublinhando que as grandes politicas do governo ou tinham falhado ou ficaram no papel.
Para o deputado social-democrata o "estado da nação suscita as maiores preocupações". Pois, contrariando os números apresentados pelo executivo, Mendes referiu que "a confiança não cresce, o investimento não aumenta, a economia não arranca, o desemprego sobe, os impostos agravam-se e a despesa pública aumenta". Neste cenário negro traçado pelo líder da oposição, este propõe, como exemplo de uma nova estratégia política a seguir, a privatização das empresas públicas de transportes, que, segundo o presidente do PSD, constituem "um sorvedouro de dinheiros públicos", originando um resultado negativo acumulado de 2001 a 2004 de 2.700 milhões de Euros.


Em relação ao CDS-PP, as criticas ao executivo ficaram a cargo de Nuno Melo, que disse existir um "Sócrates no país das maravilhas". O deputado centrista realçou que apesar do aumento dos impostos, do aumento da receita do estado, a despesa pública e o défice continuam a crescer. Nuno Melo concluiu que "o que está mal é a governação".

Mais à esquerda, as críticas assumiram diferentes características. Sendo os lucros dos bancos o tema mais emergente na oposição elaborada pelos partidos situados neste campo político. Jerónimo de Sousa questionou directamente o ministro das Finanças, perguntando-lhe se "acredita mesmo naquilo que disse, ao referir que os sacrifícios eram para todos". Pois, para o PCP, os lucros das grandes empresas mantêm-se intocáveis, sendo os trabalhadores e os reformados os grandes prejudicados pela reformas empreendidas pelo Governo. Acusando, por fim, José Sócrates de "não ser de esquerda".

No tocante ao BE, Francisco Louça fundamentou a sua oposição em "números oficiais". Anunciando que a criação de 30 mil novos postos de emprego era insuficientes, pois a população activa sofreu um aumente de 70 mil pessoas. Considerando o quadro de supranumerários como "o maior despedimento colectivo que há memória". Pelos Verdes, Heloisa Apolónia qualificou o Governo de "anti-ambientalista", acrescentando que o executivo pautava a sua actuação por uma lógica de "ser preciso poluir para crescer".

Duarte Albuquerque Carreira, in jornal Semanário
http://www.semanario.pt/noticia.php?ID=2919